terça-feira, maio 27, 2008

Vida Simples

A alguns dias atras ouvi uma bela devocional sobre a necessidade de termos uma vida simples. Essa temática retornou à minha pauta reflexiva depois que conversei com uma professora sobre sua vida no Macapá. Comentando a caminhada de alguns de seus conhecidos, ela disse que muitos vivem de forma simples e portanto, sem muitas preocupações com o futuro.

Fiquei muito pensativo no assunto e concluí que esta ambição já foi mais presente em minha vida a algum tempo atrás. Percebi meu conformismo com esse século por diversas vezes me faz cair no que o Paulo Freire denominou de fatalismo neoliberal, que é a crença de que tudo que tudo é contra o sistema está fadado ao fracasso.

Por isso, fico a me questionar: dá pra ter uma vida simples dentro desse sistema desumano de consumismo? A resposta pode ser diversa. Os mais otimistas diriam que sim. Falariam que é tão possível que os mesmos assim o são. Os fatalistas e pessimistas nem respoderiam. Eles apenas esboçariam um sorriso irônico que dispensa qualquer argumento.

Entre o otimismo e o fatalismo eu escolho a esperança. Esta opção sim é pé no chão, pois, ciente das dificuldades, ela se fixa naquilo que transcende a realidade. Ela dispensa o simplismo do otimismo e o radicalismo do pessimismo.

É na esperança viva que podemos confiar que uma vida simples é possível. Podemos dessa forma, como Jesus nos anima, contemplar a beleza poética dos lírios do campo. É preciso que nossa concepção de providência divina seja restaurada, a ponto de confiarmos mais naquele que nunca negou a nós o seu sustento.

Contudo, ao falarmos de esperança, sonho e poesia, as coisas parecem ser fáceis, bonitas e simplistas. Porém, sabemos que não funciona assim. O desafio é caminhar com passos firmes e sem vislumbrar o enorme horizonte em nossa frente. Que a graça de Deus nos mova à simplicidade que o evangelho propõe!

quinta-feira, maio 22, 2008

Do confuso à confusa

Ser confuso ou estar confuso é uma condição terrível. Até porque, o confuso tem uma ligeira noção do que precisa ser feito, contudo, por algum motivo, evoca uma segunda via que aparenta ser melhor q a primeira. O pior da confusão é a sensação de estar perdido, sozinho e sem rumo. Lembro-me, então, daquela canção do Sérgio Pimenta, que diz que "quando se está só, se está porque deseja, pois ele com certeza não foge de ninguém; Deus está sempre perto, amigo, abraço aberto, convida a ir com ele pra não mais estar só.

Dessa forma, posso até ouvir a voz de Cristo, como num sussurro: "vinde a mim voz que estais confusos e sós, e eu os aliviarei"[1]!

Esse alívio não significa a finalidade de nossas provações. Ninguém é provado para depois se sentir bem com o descanso pós-dor. Tampouco, significa que a maior benção daquele que estava confuso é poder ver com clareza o que se quer. O alívio, portanto, só tem seu valor quando aquele que sofreu percebe o sentido da sua luta. O sabor está na labuta, não na vitória. Está no suor da batalha, não nos despojos.

Essa é a lógica do evangelho: a contra lógica do mundo. Pra ganhar a vida tem que perdê-la. Por isso, o confuso que está em Cristo, tem o alento necessário para prosseguir em sua caminhada de maneira firme e consciente . Entre sensações e o desespero, emerge a nossa única certeza: que o Senhor está no controle de todas as coisas - inclusive dos nossos chiliques! Portanto, o poder do evangelho vem, como num crescente movimento, dando-nos a segurança necessária para continuar.

[1] Paráfrase de Mt 11:28

* Dedico essa postagem a uma amiga muito querida.