quarta-feira, julho 30, 2008

Aprendendo com a inutilidade

Pela minha falta de inspiração, o texto abaixo é um trecho de uma crônica do Rubem Alves intitulada "A Inutilidade da infância" do livro Estórias para quem gosta de ensinar.

Bom proveito!

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Entre nós inutilidade é nome feio. Já houve tempo, entretanto, em que ela era a marca de uma virtude teologal. Duvidam? Invoco Santo Agostinho, mestre venerável que declara em De Doctrina Christiana: “Há coisas para serem usufruídas, e outras para serem usadas.“ E ele acrescenta: “Aquelas que são para serem usufruídas nos tornam bem-aventurados.“ Coisas que podem ser usadas são úteis: são meios para um fim exterior a elas. Mas as coisas que são usufruídas nunca são meio para nada. São fins em si mesmas. Elas nos dão prazer. São inúteis.

Uma sonata de Scarlatti é útil? E um poema? E um jogo de xadrez? Ou empinar papagaios?

Inúteis.

Ninguém fica mais rico.

Nenhuma dívida é paga.

Por que nos envolvemos nessas atividades, se lhes faltam a seriedade do pragmatismo responsável e os resultados práticos de toda atividade técnica? É que, muito embora não produzam nada, elas produzem o prazer.



sábado, julho 19, 2008

Ainda falando de amor


Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo". Mt. 22:36-39

Para espantar o sumiço, queria apenas expor alguns devaneios que têm marcado presença na minha mente. A falta de criatividade e inspiração para escrever algo descente só me permite indicar aquilo que tenho pensado. Acredito que tenha uma relevância mínima para vocês, lerem meus amigos!

O eco do post anterior ainda continua por aqui: minha reflexão maior tem sido na natureza inescrutável do amor de Deus. Sua plenitude encarnada em Cristo nos move a vivermos para o outro. Ser, portanto, é viver para servir. É uma nova maneira de encarar a vida, a medida que somos convidados a morrermos para nós e ressustarmos para Deus.

Essa nova vida, entretanto, é sustentada pelo amor e este, se faz visível através da comunhão com os irmãos, da solidariedade e fraternidade. Não existe amor a Deus se o amor ao próximo é inexistente. O apóstolo João - conhecido como o discipulo do Amor - salienta que "Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, não pode amar a Deus, a quem não viu." (1 Jo 4:20). Jesus vai além. Quando ele diz que "sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes." (Mt 25:40).

Dai, consigo entender quando Paulo diz que " toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo". (Gal 5:14).Como assim? Acaso não foi Jesus quem disse que o primeiro mandamento era amar a Deus sobre todas as coisas. Sim, certamente, mas foi o mesmo Cristo que não adianta dizer "Senhor Senhor" se não fazer "o bem aos pequeninos".

Portanto, amar a Deus sobre todas as coisas significa, em outras palavras, amar o seu próximo. Foi assim que Jesus demonstrou que nos amou profundamente: lavando os pés dos seus discipulos; comendo com publicanos, prostitutas, pobres e marginalizados. Sem o olhar para o outro não existe devoção a Deus. Sem o "segundo grande mandamento" não existe o primeiro.

Que Deus nos conduza.

sábado, julho 05, 2008

Ainda bem!

Estava pensando nisso aqui, agora pouco: ainda bem que Jesus nos indicou a amar nosso próximo como a nós mesmos. Seria muito ruim se o grande mandamento se resumisse em amar a Deus sobre todas as coisas. Não que isso seja ruim, pelo contrário. Só que pelo pouco que conheço de nossa natureza pecaminosa, seríamos mais fanáticos do que somos. Teríamos uma gana por Deus que nos afastaria das pessoas. Seríamos ambiciosos pelo sagrado, relegando às pessoas um papel secundário.

Ainda bem que Jesus nos indicou um caminho maior. Cristo nos ensinou aquilo que ele fazia. Ninguém amou mais o Pai do que o Filho. E obviamente, ninguém amou tanto seus semelhantes quanto o próprio Jesus. Ele era rodeado de pessoas. De tanta gente que o procurava, ele tinha dificuldade para arrumar momentos de solitude com o Pai. Mas essa era a comunhão de Cristo com Deus, o Pai: servir, sorrir e amar os outros. Os momentos "a sós" com o Pai eram minúsculos, se compararmos sua atuação com os indivíduos.

Quero isso pra mim, de boa mesmo.

Que Deus me ajude!