domingo, outubro 26, 2008

O princípio das dores



O silêncio ainda é pouco para expressar o que eu preciso. E as palavras me fogem quando as procuro para ti. Os lábios se calam, a alma grita concorrendo com os milhares de pensamentos vagantes em minha mente. Mas tu Senhor, tem as palavras de vida eterna, sendo estas como torrentes que invadem a fortaleza do meu coração. O que eu espero é que a sensação de acaso se esmoreça pelo clamor da tua providência. Que venha o teu reino!

Amém.

(Oração escrita a exatamente 2 meses atrás. Ao encontrá-la escrita em papel não perdi tempo: postei-a)

quarta-feira, outubro 22, 2008

Vi



Subi num monte alto para ver o mundo. Na esperança de enxergar o belo, vi tudo rarefeito, como fumaça. O verde se miscuia com outras cores fortes que se transformara numa onda que eu não conseguia descrever. Não podia nem ver as nuvens, quando estas se dissipavam nos outeiros desnudos e acidentados que me encontrava. O retrato que tirei saiu assim, meio bom, meio ruim. Insisti. Esfreguei os olhos, balancei a cabeça, respirei fundo... vi. Meio embaçado pelo ardor dos olhos irritados, me deparei com um cenário diferente do anterior. As nuvens tinham formas humanas. Sorridentes, cercavam o monte com um abraço aconchegante que me causava euforia. Ao levantar, me escorei sobre o ipê que eu ao menos reparei quando cheguei. Quando coloquei minha mão para avistar melhor a paisagem, caiu uma flor amarela sobre meus ombros. Nem deu tempo de ver o resto. O click certeiro me possibilitou a melhor das sensações que ali experimentara. Não perdi tempo: agradeci o ipê. Meio sem jeito, dei-lhe um beijo na testa e voltei caminhando, mas olhando para trás.

sábado, outubro 18, 2008

Apenas


Tomou conta.
A areia invadiu a cidade.
Só vejo dunas.
Não há casas, praças, massas...
Apenas areia.

Vi então o mar de ressaca
As ondas tomaram a serenidade.
Trouxeram lixo, lixo e lixo.
Te procurei e não achei.
Apenas areia.

Olhei para o céu.
O cinza roubou o azul.
Tem raio, trovão, chuvão...
Não há no que se alegrar.

Apenas areia.
Vi então uma passarinha
Que banhava sua filhotinha.
E brindando com o vento,
Se jogava no horizonte nebuloso
Não mais areia,
Não mais cinza,
Apenas passarinha.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Na escada com vocês



Ao mirar seus olhos minhas convicções banais deram espaço ao novo. Você, você e você. São tão especiais! Capazes de despertar saudade antes da partida. Dai penso que a eternidade tem um tempo curto demais para nossos momentos. Por que tudo passa? Nem adianta formular alguma justificativa. O ontem é sempre melhor do que o amanhã. E sabe por que? Porque no ontem vocês estão sempre presentes. E o depois? Não acredito em lembranças. Creio em presença mística, como se fossem corpos ausentes que se encarnam no espírito. Na escada que leva ao sublime, fotografias se transformam em monumentos, quando os multiplos sorrisos se juntam num só. Já não sei se sou eu ou você, apenas subo!

sexta-feira, outubro 10, 2008

O menino que dança

Lá vai o menino cabisbaixo. Chutando uma tampinha de refrigerante, se distrai com a folha verde que cai no chão. Ao tropeçar no asfalto quebradiço, olha pro lado e não encontra ninguém para rir do tombo. E sozinho ele caminha, sorrindo de si mesmo.

Ao dobrar a esquina, percebe que o sol já se pôs. Ele consegue até ver as luzes dos postes se acendendo. Ao pegar a tampinha que o divertia, lembrou-se do refrigerante que tomara tantas vezes em companhias inesquessíveis.

Assim, o gosto do guaraná enche sua boca. Com os olhos fechados e os braços abertos, o menino dança uma valsa em tom menor. Regido pelo som do vento, ele se reencanta com sabor que lhe veio a mente. E o mais legal: nem se sente mais só!