sábado, abril 25, 2009

O céu do outono


Deixo sair do meu peito as notas que surrupiam dentro de mim. A beleza que exala ao redor circucinda meus passos fatigantes. Mas deixo sair do meu peito. Porque são muiiitas notas. Mais que as sete. São tantas que rodopiam de tensão. É a vontade de viver que é grande, de tomar rumos fantásticos e reais. Tudo isso vira música quando exprimo meu desejo de ver beleza naquilo que ainda nem é. Minhas lamentações tornam-se vãs na imensidão de situações que tecem a realidade à minha volta. Sou pequeno, sou sujeito, sou alguém.

Complexo?

Deixo sair do meu peito as agruras que contrastam comigo. Também tomam forma de notas musicais. A dissonância delas causa perplexidade que assusta. Não me canso em deixar, permito-me sempre a chance da beleza encontrar-se com a dor, nem que seja na saída. Daí, o céu do outono parece um monumento eternizado sob minha cabeça. Então, vejo o que é realmente belo e me convenço!

Não é otimismo, é solidariedade comigo mesmo.

Sem mais!

sexta-feira, abril 17, 2009

O convite à mediocridade (Post inacabado 06/03/2007)

Vinde todos vós e deleitai-vos na vossa mediocridade!
Sejam como vocês sempre sonharam: mesquinhos e superficiais.
Busquem a facilidade e o conforto.
Procurem diligentemente a frieza nos relacionamentos!

Atentai às vossas fúteis necessidades.
Dinheiro, pouco trabalho, muita fartura.
Gastai naquilo que enriquece vossa soberba.
Esbanjai naquilo que não tem valor.

Vinde todos vós, cristãos de todas denominações.
Reforçai vossas consideráveis diferenças.
Atentai-vos pelos detalhes que desinteressam
Valorizem o suor gasto nas suas disputas vãs.

(...)

quarta-feira, abril 01, 2009

A mais nobre saudade


Lembrei-me daquele papel amassado que te entreguei no dia do nosso primeiro encontro. Você o tem ainda? Puxa, nem tem tanto tempo! Mas o pouco que vivemos parece que são anos! Queria te contar porque ele se amassou. É que minha falta de habilidade para usar as palavras certas me deixam desconcertado! Dai tenho que escrever, apagar, redigir, desmanchar... Esse rítmo todo acaba por prejudicar o coitado do papel.

Eu queria ter uma memória melhor para poder recordar cada letra que coloquei. Sou péssimo nisso também. Posso descrever fielmente cada gesto que fiz aquele dia, mas as palavras ditas não me vêm à mente. Você lembra das minhas mãos trêmulas quando te entreguei a carta (risos)? O copo com água que eu segurava até foi ao chão. E aquelas risadas intermináveis quando fomos juntar os cacos? Esquecemos do risco de sermos furados pelos pedaços de vidro do chão.

O curioso é que nada daquilo nos atingiu - você sabe, pois sua memória é melhor do que a minha. Sei lá, somos muito engraçados. Depois do sorriso veio o choro. Lembra (risos)? E depois do choro, ah, claro que vc lembra, veio o riso novamente. Essa era roda viva que nos elevava ao infinito. Falamos o mínimo possível. Talvez seja por isso que lembro tão pouco do que foi dito.

Usamos as linguagens do nosso coração: os olhares, os abraços, o sorriso, o choro alegre... o beijo. Nos deixamos levar pelas torrentes do nosso sentimento. Posso te plagiar? "É... me desculpe, falta-me palavras. Não sei explicar. Sei sentir, embora não possa medir. É que a minha felicidade apareceu de repente. Veio e me fez sorridente". Então, quando penso nisso tudo também sinto "a mais nobre saudade"!