Foi deitado num banco velho que vi tudo isso. Debaixo de uma árvore com uma relva que cobria todo o chão. Nem tive muito ânimo para observar os prédios antigos a minha volta. Fechei os olhos e apenas senti um cheiro agradável das flores e deixei meus ouvidos abertos para ouvir aquele barulhinho bom: pássaros, vento, cachorros que latem...
Com aquela camisa xadrez sobre meu rosto, deixei meu corpo entregue ao conforto daquele espaço. Mesmo cansado, nem dormi, apenas pensei. E percebi o quanto Deus me ama, o quanto isso é suficiente para mim. A expressão perfeita deste amor é deveras visível, seja nas relações com os amigos ou até mesmo no encontro pessoal com esse Deus através do Espírito Santo.
É, não tenho tempo mais para lamentar aquilo que não vivi ou reclamar daquilo que me incomoda. Enquanto eu descansava naquele lugar belo, muitos sofrem sem poder olhar para natureza e perceber que até ela clama pela redenção. Qualquer murmuração se torna mesquinha em meio a um mundo perdido, imerso na incerteza e no desamor.
Não dá continuar a correr tão forte atrás do vento. O mundo clama por nós. Os desabrigados que se irritam com a chuva, os deprimidos que não dormem nem descansam, as vítimas de abuso sexual, os amigos que choram por companhia, os alcoolistas mal amados e os milhares marginalizados pelo sistema opressor comandado pelo príncipe deste mundo.
Preocupar-me demasiadamente com a prova de amanhã sem ter sensibilidade com aquele que sofre é patético. Ou revemos nossas prioridades ou nos entregaremos à mediocridade que conserva a podridão, corrói a alma e detona a esperança. Que a nossa voz se misture com a da natureza num coro em uníssono: Maranata, ora vem Senhor Jesus!