Pensei em escrever algo sobre o natal. Tentei, mas não saiu nada que presta. Comecei a pensar em outra coisa. Até que lembrei de algo bastante curioso. Recordei-me de um dia que estava vendo um programa de entrevistas no Globo News. O entrevistado era um renomado jornalista, o Zeca Camargo. Ele estava fazendo um balanço sobre suas viagens pelo mundo.
Na verdade, sua entrevista era para divulgação do seu livro. Entrevista vai, resposta vem, e algo me chamou a atenção. A repórter comentou sobre sua apatia com a religião. Zeca concordou. A jornalista então, fez uma pergunta brilhante: qual era sua relação com o ateísmo após ver tantas manifestações religiosas nos cincos continentes?
Antes, uma pausa. O que um ateu “sensato” responderia numa situação dessas? Tenho um palpite. Um descrente responderia que ficou impressionado com a minoridade e superstição presente em todas as culturas por ele visitadas. Entretanto, nosso querido apresentador do fantástico respondeu o aposto.
Mais uma pausa. Teria o cristianismo uma explicação à resposta do Zeca Camargo? Será que sua mudança de postura foi um simples convencimento intelectual? Pois bem, Zeca Camargo disse que após ver tanta expressão de religiosidade em todas as culturas, teria que haver um denominador comum sobre tudo aquilo. Ou seja, o jornalista ex-ateu reconheceu: “tem que haver uma entidade superior que, de alguma forma, motiva essa sede do ser humano em desvendar esse sublime”.
De fato, o cristianismo tem uma explicação coerente para o fenômeno da mudança de mente do jornalista global. Todos sabemos que Deus se revelou à humanidade de forma pessoal, através dos patriarcas - Abraão, Isaque, Jacó... - e dos profetas. Para que isso se eternizasse, essa revelação foi inspirada nas letras, que hoje chamamos de Bíblia (Revelação Especial).
Entretanto, Deus se revelou de forma completa na pessoa de Cristo, o Logos encarnado: a Palavra vida. Sobretudo, existe outra forma de revelação divina, que os teólogos denominam de Revelação Geral. Portanto, Deus não se revelou apenas de forma objetiva nas Escrituras e em Cristo, mas também através da sua criação, incluindo, a humanidade.
Apesar de a humanidade carregar a mancha do pecado, não deixamos de ser “imagem e semelhança de Deus”. Apesar de essa imagem estar distorcida pelo pecado original, pela Graça de Deus, essa imagem apesar de desfocada, continua ser a imagem de Deus. Portanto, segundo o teólogo Vicent Cheung, “o conhecimento de Deus pelo homem é só possível porque Deus fez o homem a sua imagem, de forma que há um ponto de contato entre os dois, a despeito da transcendência de Deus” (CHEUNG, Vicent, Teologia Sistemática).
Por isso Zeca Camargo reconheceu a Deus, por ter tido um contato de forma concentrada com a humanidade, de forma bastante plural. Obviamente, não siginifica que o Zeca se tornou cristão. Apenas deixou de ser cético como era.
Obs.: obviamente, não me lembro das palavras usadas pelo Zeca Camargo na entrevista. Mas é mais ou menos isso que coloquei (rs).