Saudade e lembrança parecem a mesma coisa. A primeira até necessita da segunda. O saudoso lembra, sente falta, pois é no ato de recordar que ele vai até onde seu amor encontra. Por outro lado, aquele que lembra não tem nada pra buscar, rememora, mas sem atingir todas faculdades do tempo. É apenas no passado, com um futuro ausente e um presente sem presença.
A lembrança as vezes é incontrolável, simplesmente porque ela abarca as memórias das mais diversas, desde a mais trágica até a mais agradável. A saudade é mais seletiva, não dá espaço para o mal, vai direto ao ponto: o lugar seguro, os braços mais aconchegantes! Meu questionamento é: por que a saudade dói tanto? Se ela é reflexo da entrega da nossa alma ao outro, de onde vem a dor?
Assim como a sede está para o desejo de saciar-se, a saudade está para o encontro. Daí o sofrimento alcança a delícia do encantamento. Portanto, podemos definir o que é saudade. Talvez ela seja a fusão perfeita entre o choro e o riso, entre a alegria de ter e a tristeza de não possuir o outro naquele momento. Por sua vez, a lembrança pode chorar, sorrir, porém, sem nunca conseguir aproximar esses opostos que se realizam no outro.
Daí me recordo daquela frase do Rubem Alves que é bem precisa: "saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar". Então, o melhor é fechar os olhos, deixar coração bater mais forte e dizer bem alto: "Oh minh´alma, vá para sua verdadeira morada que caminharei contigo"!
Dize-as e corra logo!