quarta-feira, janeiro 28, 2009

Saudade

Saudade e lembrança parecem a mesma coisa. A primeira até necessita da segunda. O saudoso lembra, sente falta, pois é no ato de recordar que ele vai até onde seu amor encontra. Por outro lado, aquele que lembra não tem nada pra buscar, rememora, mas sem atingir todas faculdades do tempo. É apenas no passado, com um futuro ausente e um presente sem presença.

A lembrança as vezes é incontrolável, simplesmente porque ela abarca as memórias das mais diversas, desde a mais trágica até a mais agradável. A saudade é mais seletiva, não dá espaço para o mal, vai direto ao ponto: o lugar seguro, os braços mais aconchegantes! Meu questionamento é: por que a saudade dói tanto? Se ela é reflexo da entrega da nossa alma ao outro, de onde vem a dor?

Assim como a sede está para o desejo de saciar-se, a saudade está para o encontro. Daí o sofrimento alcança a delícia do encantamento. Portanto, podemos definir o que é saudade. Talvez ela seja a fusão perfeita entre o choro e o riso, entre a alegria de ter e a tristeza de não possuir o outro naquele momento. Por sua vez, a lembrança pode chorar, sorrir, porém, sem nunca conseguir aproximar esses opostos que se realizam no outro.

Daí me recordo daquela frase do Rubem Alves que é bem precisa: "saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar". Então, o melhor é fechar os olhos, deixar coração bater mais forte e dizer bem alto: "Oh minh´alma, vá para sua verdadeira morada que caminharei contigo"!

Dize-as e corra logo!

quarta-feira, janeiro 14, 2009

De olhos fechados



Te procurei hoje.
Tive impressão que aquele vulto era você.
Não, não era.
Tentei vasculhar na escuridão do ambiente e não te vi.
Acuado, voltei.
Até que...

Pensei se realmente era importante distinguir o que era do que não podia ser.
Cocei a cabeça - acho que sempre faço isso quando fico intrigado.
Não, pensei, melhor continuar a busca.
Quem sabe seja você mesmo!
Não, não era.
Abri os olhos como nunca fizera.
Foi em vão.

Mudei a tática.
Fechei os olhos pra saber se te via dentro de mim.
Te encontrei.
E senti que fora mais belo que o vulto.

Sorri.
Abri os olhos e voltei à realidade do não-você.
Sorri assim mesmo.
Se estás dentro de mim, esta é a única verdade que satisfaz.
Sorri mais uma vez.

De agora em diante andarei assim, de olhos fechados - e sorrindo!

domingo, janeiro 04, 2009

Amo porque...


Amo porque amo,
não me pergunto o porquê.
simplesmente sinto e respiro o que desejo,
nem me esforço pra enteder.

Amo porque sei,
não me indago o efeito.
apenas me deixo levar pela chama que me arde,
nem me levanto pra resistir.

Amo porque sou amado,
não me questiono quando.
somente me lanço nos braços que me envolvem,
nem me atrevo em correr.

Amo porque nem sei,
não me perco no dizer.
prefiro o silêncio que me nina solenemente,
nem me lembro que o sono tem fim.

* Imagem extraída de: http://estoriasdelua.blogs.sapo.pt/arquivo/abraco1.jpg