quarta-feira, julho 30, 2008

Aprendendo com a inutilidade

Pela minha falta de inspiração, o texto abaixo é um trecho de uma crônica do Rubem Alves intitulada "A Inutilidade da infância" do livro Estórias para quem gosta de ensinar.

Bom proveito!

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Entre nós inutilidade é nome feio. Já houve tempo, entretanto, em que ela era a marca de uma virtude teologal. Duvidam? Invoco Santo Agostinho, mestre venerável que declara em De Doctrina Christiana: “Há coisas para serem usufruídas, e outras para serem usadas.“ E ele acrescenta: “Aquelas que são para serem usufruídas nos tornam bem-aventurados.“ Coisas que podem ser usadas são úteis: são meios para um fim exterior a elas. Mas as coisas que são usufruídas nunca são meio para nada. São fins em si mesmas. Elas nos dão prazer. São inúteis.

Uma sonata de Scarlatti é útil? E um poema? E um jogo de xadrez? Ou empinar papagaios?

Inúteis.

Ninguém fica mais rico.

Nenhuma dívida é paga.

Por que nos envolvemos nessas atividades, se lhes faltam a seriedade do pragmatismo responsável e os resultados práticos de toda atividade técnica? É que, muito embora não produzam nada, elas produzem o prazer.



Um comentário:

Bárbara Matias disse...

Rubem Alves sempre traz reflexoes interessantes...

Ai de nós se nao existisse a inutilidade, né?

Lembrei daquela musica: " Ai que prazer não cumprir um dever, ai que prazer nao cumprir um prazer..."

bjos