
No início do século XVI, um monge agostiniano indignado com a espiritualidade cristã do seu tempo, proclamou 95 teses em protesto, dentre várias coisas, questionando a combrança de indulgências, politicagem eclesiástica e, levantando também críticas em relação à infalibilidade papal e principalmente, mostrando um novo entendimento sobre a justificação pela fé.
Ao ler na Epístola aos Romanos "o justo viverá pela fé", Lutero sentiu-se incomodado o quanto ele e a igreja buscava trocar suas atividades pela Graça de Deus. Portanto, o monge vislumbrou a Graça de forma completa, demonstrando que as boas obras decorrem da justiça de Deus imputada em nós através de Cristo, não como outrora pensava, que a Graça provinha de obras.
Esse movimento com quase 500 de início é muito inspirativo para nós hoje. Atualmente temos vários motivos para protestar. Lutero questionou o catolicismo que ele fazia parte, hoje temos que reformar o protestantismo que vivemos. Temos que protestar contra a veneração dos resultados que, maliciosamente, desconsidera a qualidade em detrimento de uma igreja cheia que gera conforto aos líderes.
Protestamos também à falsa tentativa de compra da Graça de Deus por meio de jejuns, orações longas e outras formas desesperadas para obter uma "intimidade" com Deus. Sobretudo, lamentamos e indignamos com a constante busca dos cristãos por revelações extra-bíblicas, que tendo obsessão por respostas divinas e instantâneas desprezam a relação entre Escrituras e o Santo Espírito como a revelação de Deus para hoje e sempre.
É lamentável tudo isso. Muitas vezes me envergonhei de dizer que sou evangélico. Contudo, esse é o povo - os cristãos espalhados por essa Terra, não apenas os evangélicos - que Cristo se entregou na Cruz por eles. E essa deve ser nossa motivação. Apesar das mazelas da Igreja - não só a evangélica, mas a Católica Romana e a Ortodoxa -, Cristo permanece como Redentor e Senhor dela, tornando para nós baluarte perante qualquer situação.
Portanto, que caminhemos cientes dos nossos desafios. Que confiemos na Graça daquele que Vive e voltará para buscar sua Igreja.