
O individualismo propagado na nossa sociedade moderna afeta cada um de nós, obviamente, em graus diferentes, porém, relevantes. A impessoalidade faz parte de nossa agenda pessoal. Podemos nos relacionar com todos, embora possamos na mesma proporção ser superficiais. A tecnologia derrubou os limites geográficos, mas não impediu que a frieza e o egoísmo imperasse de forma monumental nas nossas relações. Nunca tivemos tanta opção para nos entrerter, entretanto, ao mesmo tempo, a humanidade parece mais triste, deprimida.
Ou entramos nessa lógica perversa e desumana da impessoalidade ou aceitamos o desafio de ser profundos e verdadeiros. Desafio significa trabalho. Trabalho requer gasto de energia. Energia tem um alto preço (vide o preço do barril de petróleo rsrs). Como assim? Isso mesmo! Estou te dizendo que existe um preço a ser pago pela pessoalidade, para sermos quem somos de verdade. O natural é nos escondermos atrás da imagem que criamos de nós mesmos. Já parou pra pensar que vendemos essa representação nossa para sermos aceitos?
Não estou dizendo que temos que ser um livro aberto para todos. Apenas ressalto a necessidade de refletirmos na imagem que criamos sobre nossa realidade. Não estou escrevendo isso por ser um exemplo, muito pelo contrário, a cada vez que penso sobre isso vejo o quanto as pessoas me conhecem menos. Sou mais carente do que demonstro. Estou sempre querendo a atenção dos meus amigos, mas nem sempre tenho coragem de expressar isso, uma vez que tenho pavor de ser considerado problemático. Ora, sou apenas um neurótico como todos são um pouco - já dizia Sigmund Freud Freud. Portanto, tenho que assumir isso, independente se acho que serei aceito ou não.
Isso se chama alienação: querer ser o que os outros desejam que eu seja. Logo eu que protesto tanto contra a alienação política e social descubro que sou um alienado de mim mesmo. Que difícil conclusão! É um tiro consciente no próprio PÉ. Para ser verdadeiro com os outros preciso, antes de tudo, ser honesto comigo mesmo, para enfim, ir desmanchando a imagem bonitinha que crio de mim, para enfim, ser quem eu realmente sou.
Isso não acontece de um dia para o outro. Requer diálogos pessoais, que inclua um bom gasto de tempo. Perguntar como os outros realmente estão é um grande passo - digo realmente em destaque porque acredito que isso seja muito mais que um simples comprimento. É certamente um bom começo porque assim, abrimos uma oportunidade para que o outro também questione como estamos, para assim, podermos expressar nossa condição.
O desafio está lançado. Todos estão convocados: tímidos ou desinibidos; fortes ou fracos; possuidores de muitos amigos ou não. Que Deus nos instrua nessa caminhada. Que o amor seja nossa grande motivação e o principal combustível para essa importante tarefa.