quarta-feira, novembro 29, 2006

O Desafio de ser eu mesmo


O individualismo propagado na nossa sociedade moderna afeta cada um de nós, obviamente, em graus diferentes, porém, relevantes. A impessoalidade faz parte de nossa agenda pessoal. Podemos nos relacionar com todos, embora possamos na mesma proporção ser superficiais. A tecnologia derrubou os limites geográficos, mas não impediu que a frieza e o egoísmo imperasse de forma monumental nas nossas relações. Nunca tivemos tanta opção para nos entrerter, entretanto, ao mesmo tempo, a humanidade parece mais triste, deprimida.

Ou entramos nessa lógica perversa e desumana da impessoalidade ou aceitamos o desafio de ser profundos e verdadeiros. Desafio significa trabalho. Trabalho requer gasto de energia. Energia tem um alto preço (vide o preço do barril de petróleo rsrs). Como assim? Isso mesmo! Estou te dizendo que existe um preço a ser pago pela pessoalidade, para sermos quem somos de verdade. O natural é nos escondermos atrás da imagem que criamos de nós mesmos. Já parou pra pensar que vendemos essa representação nossa para sermos aceitos?

Não estou dizendo que temos que ser um livro aberto para todos. Apenas ressalto a necessidade de refletirmos na imagem que criamos sobre nossa realidade. Não estou escrevendo isso por ser um exemplo, muito pelo contrário, a cada vez que penso sobre isso vejo o quanto as pessoas me conhecem menos. Sou mais carente do que demonstro. Estou sempre querendo a atenção dos meus amigos, mas nem sempre tenho coragem de expressar isso, uma vez que tenho pavor de ser considerado problemático. Ora, sou apenas um neurótico como todos são um pouco - já dizia Sigmund Freud Freud. Portanto, tenho que assumir isso, independente se acho que serei aceito ou não.

Isso se chama alienação: querer ser o que os outros desejam que eu seja. Logo eu que protesto tanto contra a alienação política e social descubro que sou um alienado de mim mesmo. Que difícil conclusão! É um tiro consciente no próprio PÉ. Para ser verdadeiro com os outros preciso, antes de tudo, ser honesto comigo mesmo, para enfim, ir desmanchando a imagem bonitinha que crio de mim, para enfim, ser quem eu realmente sou.

Isso não acontece de um dia para o outro. Requer diálogos pessoais, que inclua um bom gasto de tempo. Perguntar como os outros realmente estão é um grande passo - digo realmente em destaque porque acredito que isso seja muito mais que um simples comprimento. É certamente um bom começo porque assim, abrimos uma oportunidade para que o outro também questione como estamos, para assim, podermos expressar nossa condição.

O desafio está lançado. Todos estão convocados: tímidos ou desinibidos; fortes ou fracos; possuidores de muitos amigos ou não. Que Deus nos instrua nessa caminhada. Que o amor seja nossa grande motivação e o principal combustível para essa importante tarefa.

segunda-feira, novembro 20, 2006

O que é música boa?


O conceito de música boa é bastante subjetivo. Portanto, toda opinião expressa aqui é estritamente relativa ao meu gosto musical - que muitos acham um lixo(rsrs). Longe de mim querer supor um padrão único por algo tão pessoal quanto à sensibilidade musical. Sendo assim, leia-se antes de cada frase minha um grande "NA MINHA OPINIÃO", que será ocultado do texto por motivos estéticos e retóricos(rsrs).

Antes de mais nada, música tem que ter sentimento. O intérprete, sobretudo, tem que procurar externar ao menos alguma coisa daquilo que ele canta. Não digo de gestos mecanizados e ensaiados, porém, de uma expressão vocal relativa à canção. Uma pessoa que fazia isso muito bem, era a Elis Regina. Em algumas canções ela não conseguia conter o riso, tamanha emoção transmitida na música.

Obviamente, para que essa emoção flua, a mensagem da música precisa ser relevante. Tenho uma impressão que em geral as pessoas importam menos com a poesia do que outrora - década de 60, 70 e momentos do 80 -, quando a música brasileira era repleta de conteúdo. As letras do Chico Buarque, por exemplo, estavam ligadas ao contexto que ele vivia. Música pra ele e outros de sua geração era muito mais que poesia bonitinha e vozes afinadas, mas sim uma forma de levar uma mensagem.

A lógica de mercado tendencia a mensagem da música. Nunca se falou de amor com tanta superficialidade! Até mesmo a música cristã se contaminou com essa novidade. Letras curtas, refrãos repetitivos e uma poesia rasa, que fala mais em experiências intimistas com Deus do que um relaciomento profundo que tem a Bíblia como inspiração para as canções.

Música boa é emoção, poesia, mas também técnica. Não adianta dar uma poesia de Vinícius de Morais para MC Serginho que não sairá coisa boa (acho)! Música tem que ter harmonia bela, de preferência com uma gostosa mistura de vários gêneros músicais, como jazz com percussão, samba com guitarras, "berimbal elétrico", "maracatú psicodélico" e assim vai.

Contudo, muitas vezes é difícil reunir todos esse elementos de uma só vez. Um ou outro músico se destaca em um desses e tropeça em outros. Por exemplo, o Legião Urbana tem letras maravilhosas, embora tecnicamente eles sejam fracos - é só lembrar do acústico MTV, que nos tortura com aqueles violões desafinados, mas nos emociona com sua letras belíssimas. Entretanto, os Beatles se destacaram mais pelo som do que pelas letras, que apesar de muitas serem fantásticas, no geral, muitas beiravam o ridículo, como Yellow Submarine e Doctor Robert.

Enfim, emoção, poesia e harmonia são os componentes de uma boa música, apesar de cada desses elementos serem subjetivos. Mais importante que isso, é gostar do que ouve, independente se se enquadram ou não nessa formulinha que montei. Música é arte; arte é gosto; e gosto não se discute - mesmo quando um chato como eu resolve fazê-lo! : )

sábado, novembro 18, 2006

Unidade na Diversidade



A mania de exclusividade é inerente à natureza caída do homem. O entendimento que somos únicos detentores da verdade é decorrente em diversas sociedades, desde as mais tradicionais até as megalópoles atuais. Essa sensação exclusivista acarreta uma série de conseqüencias, uma vez que o possuidor da verdade parte do pressuposto que o outro está obscurecido pela mentira.

Portanto, essa postura de desprezo ao outro revela certamente, um profundo desconhecimento da Verdade. Se cremos que Cristo é o Logos (o verbo de Deus) encarnado[1]; a Verdade viva, temos obrigatoriamente reconhecer o outro, pois, o próprio Cristo ordenou que amassemos nosso próximo como nós mesmos. Temos que levar em conta que quando nos consideramos os únicos portadores da verdade, damos à verdade uma dimensão menor que ela tem. Cristo não está circunscrito nem limitado à nenhum grupo. Se engana quem assim o acha.

Essa arrogância atinge católicos e protestantes. Ambos se acham os tais! Incrível! Os católicos - muitos deles -, se consideram "A Igreja de Cristo". Uma vez ví numa discussão no orkut, um jovem afirmando os católicos fazerem parte da grande barca de Pedro, sendo os protestantes uma pequena lasca que se dissindiu. Temos que ter em mente que existe apenas UM Corpo de Cristo, sendo que Este não é visível ou circunscrito à uma denominação. A Igreja de Cristo é a comunhão daqueles que foram remidos pelo sangue do Cordeiro, independente da igreja.

Os protestantes da mesma forma se acham os únicos membros da grande congregação dos justos. Pensam que as diferenças doutrinárias são suficientes para tocar a essência do evangelho. Ora, não estaria a autenticidade do cristianismo na espiritualidade baseada na Trindade? Não seria Cristo o vínculo da Paz? Obviamente continuamos protestantes. Isso significa que nossas diferenças serão mantidas. No entanto, não podemos desprezar aquilo que nos une, a CRUZ de Cristo.

O que estou ressaltando aqui não é uma plena união denominacional entre evangélicos e católicos, mas sim, uma busca do reconhecimento do outro como parte da comunhão que temos com Cristo. Isso significa que podemos ser benção para ambas partes, pois cremos que existe unidade na diversidade. Que avancemos mais no diálogo e na busca de compreensão mútua. Que o amor entre os cristãos cresça, de forma que o mundo veja a plenitude da Graça sobre nós. Que celebremos nossa diversidade, mas que lamentemos nossas divisões.

[1] João 1:14 => "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade."

* Foto: Daniel (Luterano), Renato (Católico) e Gustavo (Presbiteriano)

terça-feira, novembro 14, 2006

Sem inspiração

Estava com muita vontade de voltar a postar. Faz exatamente uma semana que não escrevo nada. Entretanto, essa minha expectativa fica de certa forma insuperada, pois estou sem nenhuma inspiração. É como se não tivesse nada pra compartilhar com ninguém. Como se minha cabeça estivesse vazia ou, talvez ocupada, mas por nada que mereça destaque para ser exposto nesse humilde blog.

Por que ficamos sem inspiração? Por que as quando queremos as palavras não vêm em nossa cabeça?

Me esforço... me esforço e,... nada!

Talvez eu poderia falar sobre música ou sobre cultura, pois, isso também faz parte do tema desse blog, apesar de até hj não ter escrito nada sobre isto. Não o fiz exatamente por falta de inspiração. Imagine se eu fosse um artista plástico? Chega um cara perto de mim e diz: "Quero uma escultura, tem como vc fazer para mim?". Caraca! Na anorexia inspiracional que me encontro no momento, entregaria para o suposto cliente um interrogação gigante de cor azul.

Pra falar a verdade, tenho tido um sonho atualmente. De fato, esse sonho tem ocupado minha mente mais do que eu imaginava. Se eu tivesse lembrado disso antes, poderia até ter colocado esse sonho como tema desse post. Já que minha falta de inspiração me impede de escrever um texto descente sobre esse sonho, pretendo escrever sobre isso posteriormente, quando minha mente estiver mais tranqüila.

Após ficar mais de 30min pra escrever esse pequeno fragmento, vou ficando por aqui.

AQUELE abraço.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Ele se Foi, mas ficou!


Um grande amigo se foi.
Doeu demais.
Parece que foi cedo demais.
Ele se foi.

Quem me chamará de novo para desabafar?
Quem me alertará dos meus excessos?
Quem me confortará dos meus medos?
Ele se foi.

Mas ficou!
Suas palavras não morrem jamais.
As lembranças de nossa caminhada permanece fresca,
viva, acesa!

Ficou a lembrança que a pessoalidade pode triunfar a superficialidade do nosso tempo
Ficou o desejo de usar meu conhecimento para transformar a realidade de onde me encontro
Ficou a motivação de Deus ser Senhor do meu tempo

Ficou a gratidão por este querido amigo ter sofrido tanto para me ensinar todas essas coisas.

Ele se foi, mas Ficou!
A esperança de nos encontrarmos de novo.
No Céu, com O Pai,
no lugar onde não haverá dor,
nem excessos, nem medos.

Essa é minha pequena homenagem ao meu grande amigo André Leandro (Lelê) que faleceu dia 07/11/06.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ninguém me ama, ninguém me quer


Auto-estima baixa: um estado de espírito para uns, uma constante realidade para outros. O sentimento de inferioridade não é criterioso em sua vitmização, pois este se encontra em ricos, pobres, negros, altos, feios, inteligentes e assim vai. O que verdadeiramente incomoda são as marcas que esse sentimento pode deixar na vida das pessoas, que vai desde um simples distanciamento até uma profunda depressão.

O que temos que ter em mente é que, em grande parte, somos injustos com nós mesmos. A baixa-estima em geral, inicia-se a partir de critérios práticos, não de caráter. Ou seja, sentimos inferiores pelo que não temos, pelo que não fazemos, contudo, esquecemos que o ser é mais importante do que ter e, o existir mais importante do que fazer.

Isso geralmente ocorre quando colocamos o outro como referencial. Quando fazemos isso, somos novamente injustos, pois negamos a individualidade de cada um e colocamos todos num só patamar, porém, nos mantendo abaixo deste. Temos que lembrar que o outro é apenas diferente de nós, sendo que uma qualidade ou outra não é suficiente para definir a superioridade alguém sobre outro.

Amigos, não estou querendo dar uma de psicólogo aqui. Muito menos dar uma simples fórmula "auto-ajudística" que ensine os 10 passos para vencer a baixa-estima. Ter uma estima saudável requer esforço, amizade, tranqüilidade e também, oração. Isso não adquire de um dia para outro, mas sim, numa tentativa contínua de encontrar-se com o próprio eu, reconhecendo nossa individualidade e, acima de tudo, reconhecendo que somos importante, pois somos amados não pelo que fazemos, nem pelo que temos, mas pelo que somos.

Que Deus nos ajude buscar uma vida emocional mais saudável.